Quando meu filho deve ir pela primeira vez ao médico dentista?

A primeira pergunta que é necessário responder aos pais e futuros pais é: “Quando meu filho deve ir pela primeira vez ao médico dentista?”
E a resposta é: na gravidez! O diagnóstico precoce de uma gestação, sinalizada em medicina dentária, permite ao profissional orientar a gestante e planear os momentos de intervenção mais adequados, caso seja necessário actuar. As orientações tem como objectivo preparar os pais para a chegada do bebé, com informações que usualmente ou não estão disponíveis, ou estão submersas num mar de “saberes populares” que bastas vezes, perdem ou acrescentam dados baseados no conhecimento empírico, de valor duvidoso e resultados aleatórios e incertos.
Um dos mitos mais comuns é de que não se pode tratar os dentes durante a gravidez. Há na realidade, diferentes abordagens terapêuticas a ter em cada um dos três terços da gestação. Mas em todos os momentos de uma gravidez, pode ser viável prestar cuidados de saúde oral à futura mãe.
A dúvida subsequente e natural será então: mas a consulta é para a mãe ou para o bebé? A resposta é tão simples que se pode tornar óbvia. Não há como dissociar estes dois seres! Tratar da saúde oral de uma gestante, implica directamente com a saúde do novo membro desta família.
Durante a gravidez pode surgir uma patologia denominada gengivite gravídica,  que afeta as mulheres durante a gravidez devido a alterações hormonais. Associada à uma gengivite crónica pré-existente por deficientes hábitos de higiene oral, essa patologia tornar-se-á muito mais agressiva e de mais difícil controlo. A gengivite gravídica se não for controlada pode provocar sequelas para a gengiva e para o osso periodontal (osso que rodeia os dentes), com reabsorção óssea irreversível, alterações estéticas e funcionais. Mas além dos problemas causados à mãe, também pode ter consequências no nascituro. Em casos mais graves pode levar ao surgimento de bebés prematuros e de baixo peso.
Um dado fácil de perceber, traz quase indissociável mais uma lenda urbana, plena de conveniência. A formação dos dentes do bebé inicia-se no segundo trimestre de vida intrauterina, mas não será aos dentes da mãe que o bebé irá retirar o cálcio para a formação dentária. Esta ideia é um MITO! A conveniente desculpa que muitas mães apresentam aos seus médicos dentistas, de que depois de uma gravidez, os seus dentes ficaram uma “miséria”, só é verdade na constatação do facto. A explicação sucedânea, além de desprovida de qualquer fundamento é a condenação de um inocente. “O meu filho roubou o cálcio de todos os meus dentes”. Esta calúnia injuriosa, atesta a ineficácia do sistema nacional de saúde, revela a negligência dos diversos responsáveis pelos cuidados de saúde, médicos dentistas incluídos e, confirma o deserto que é o campo da medicina dentária preventiva e pediátrica neonatal. O cálcio dos ossos da gestante são fonte muito mais acessível, quer para a retirada, quer para o transporte deste mineral, que circulará pela corrente sanguínea de forma muito mais eficaz do que pela saliva, não acham? Mas ainda assim, a alimentação da gestante é muito importante, pois é daí que o seu organismo procurará extrair os nutrientes necessários para suprir as necessidades do embrião e do feto. A natureza seria muito estúpida se degradasse a saúde do ser que gestante em detrimento do ser gerado. Ao fim de nove meses a debilidade de ambos, acabaria por colocar em causa a sobrevivência dos dois.
É também de extrema importância que a mãe ainda grávida vá ao médico dentista para que este lhe possa fornecer orientações no que diz respeito à necessidade de cuidados com a sua saúde oral, bem como da família, a amamentação e a alimentação do bebé, bem como a forma de fazer a higiene oral do bebé logo após o nascimento, a prevenção de infeções cruzadas e quando o bebé deverá ir ao primeiro exame oral com seu médico dentista. Este será o tema do próximo post.

 

Ana Avelar & Rowney Furfuro