Fendas do Grupo II, as transforamem –

Bom dia amigos

As fendas lábiopalatinas do grupo II de Spina, são as fendas de maiores implicações para o tratamento dos portadores desta malfomação. Há compromisso estético na zona do lábio, há compromisso dos dentes pela interrupção da crista alveolar (o osso onde nascem os dentes) e há compromisso da fala, pela dificuldade em obter um palato mole funcional (aquela parte do “céu-da-boca” lá atrás, onde fica a úvula – a campainha).

Toda a preocupação que acomete os pais destas crianças é compreensível e pertinente. A literatura disponível para consulta, via de regra é técnica, com linguagem médica e termos técnicos, frequentemente não explicados (como fazemos nos nossos posts, entre parêntesis). As preocupações que começam aquando de um possível diagnóstico pré natal, começam pelo instinto básico: “como será a alimentação do meu bebé?”
As imagens que podemos obter hoje em dia, com os recursos 3D e 4D, permitem uma predição bastante aproximada da realidade destas fendas.
O facto de a internet ser um meio tão democrático de informação, bastas vezes, acaba por ser também uma fonte inesgotável de informações erradas, alarmistas e desprovidas de qualquer fundamento técnico, científico ou de evidência clínica. Grande parte das publicações assentam no conhecimento empírico e em mera observação. Outra parte, reservada aos pais e portadores, apenas reflectem as experiências que tiveram. São positivas e cheias de confiança, nos casos em que os portadores tiveram sucesso e extremamente marcadas pelo negativismo e desilusão, quando as experiências assim o ditaram. Para estas últimas, muito contribui o facto de muitos profissionais (certamente plenos de boa vontade), dispõem a tratar pacientes com estas implicações, sem seguir um protocolo, sem se preocupar com a integração a longo prazo destes tratamentos em suas diversas e distintas fases e especialidades.
Esse post, vem a propósito de ter sido procurado por um casal, cujo filho nasceu com uma fenda lábio palatina, e que estaria disposto a sair do país em busca de tratamento cirúrgico para a criança.
Não somos pretenciosos ou ignorantes ao ponto de julgar trabalhos, nem nossos nem de outrem, estabelecendo juízos de valor. Mas convém alertar, que não há nenhuma cirurgia, em parte nenhuma do mundo, que resolva num golpe de bisturi, todos os problemas e sequelas desta malformação congénita.
Há que seguir um protocolo e respeitar os tempos de cada fase de tratamento.
E quando chegamos ao protocolo, vem exactamente a questão natural subsequente: “depois da cirurgia, o que será preciso? – Quantas cirurgias mais? “
E voltamos ao mesmo. As cirurgias resolvem algumas situações, de reposição da forma e da continuidade de algumas estruturas, mas não evita nem as sequelas nem restabelece por si só, todas as funções.
O papel do Cirurgião é sem sombra de dúvida, de suma importância, mas não poderá, pela acção do bisturi, obter os resultados todos das imagens abaixo. Esse resultado é fruto da integração de um grupo de trabalho.
Uma Equipa.
Ao apresentar essa evolução, poderão os ávidos olhos de quem procura obstinadamente uma luz, deixar-se ofuscar pelo brilho. Ao que parece, agora em 2013, já tudo não passou de um pesadelo! Ledo engano.
Ainda a procissão vai no adro. Repare que esta criança ainda só tem dentes decíduos (dentes-de-leite). Na foto acima, acaba de retirar o aparelho dentário com que obteve os últimos resultados (ainda se nota as marcas na gengiva, que desaparecerão em menos de 7 dias).
Apesar de não estar visível, as fendas continuam presentes bilateralmente. Uma nova fase de tratamento será implementada, a seu tempo. Passará por nova intervenção, novos aparelhos e muita terapia da fala. Mas até lá, este pequeno herói, vai brincar, correr, jogar à bola, como qualquer um dos seu amigos na escola.
Agora é tempo de espera da próxima fase. Há que tratar e há que saber esperar. Sobretratamento pode ser tão nocivo quanto a falta de tratamento.
Espero que esse post, acalme um pouco os papás e dê esperanças na medida certa. Não fazemos milagres. Apenas aplicamos os recursos de que dispõe a medicina.
Bem haja
Rowney Furfuro